Breve histórico do município de Serra da Saudade
Quando os trilhos da Estrada de Ferro Paracatu se aproximavam do sopé da Serra da Saudade, havia ali além de pequenas propriedades, duas grandes fazendas: a fazenda do Rancho e a da Serra da Saudade. A fazenda do Rancho, de propriedade de Pedro Félix, ganhou esse nome em razão do rancho que abrigava os viajantes, tropeiros e que lá passavam a noite, para na manhã seguinte, transpor a serra. E a fazenda Serra da Saudade, que tinha como proprietário, àquela época, no século dezoito, Miguel de Furtado Mendonça, e que recebeu esse nome em homenagem à grande serra que circula a cidade e que tem o nome de Serra da Saudade.
A construção da Estrada de Ferro Belo Horizonte - Paracatu, e a construção de Brasília, cujo caminho mais perto para se chegar lá na época, era passando por ali fez aumentar o progresso da região e outros morados foram se agrupando ao redor das fazendas até que se tornou um lugarejo, e que carinhosamente, recebeu o nome de rancho dos carreiros, em homenagem ao rancho e aos tropeiros, que foram os primeiros moradores.
Em 1882, a fazenda de Serra da Saudade, com 1.925 hectares, foi dividida entre os vários herdeiros. Quem herdou a maior parte da fazenda foi José Lopes Rodrigues Júnior, que vendeu suas terras para dois sócios José Calixto Assunção e Joaquim Elias Pereira, que a compraram com todas as benfeitorias por 70 contos de réis. Mais tarde, José Calixto Assunção adquiriu a parte de seu sócio e quando faleceu deixou todos os bens para dona Maria Praxedes Assunção, sua única filha.
Em 28 de dezembro de 1922, foi dado início à construção do trecho da Estrada de Ferro que ligaria Dores do Indaiá a Serra da Saudade, cujo último destino seria Paracatu. A fazenda do Rancho já pertencia a José Zacarias Machado que doou dois alqueires de terra para a construção da estação, mas, em troca, a estação deveria receber o nome de Estação Melo Viana.
A estação foi inaugurada em 22 de julho de 1925 e ao seu redor, surgiram as primeiras casas dos funcionários da Estrada, além de posseiros que também realizaram suas construções.
Foi também por volta de 1925, que dona Maria Praxedes Assunção doou um alqueire para a construção da Igreja Nossa Senhora do Carmo. Com a venda de outros lotes que pertenciam a sua fazenda, foram construídas outras casas. Surgiram também pequenas indústrias como a fábrica de fubá e máquinas de beneficiar arroz. E formaram-se novas ruas ao redor da praça principal onde havia a estação Ferroviária.
A construção da rodovia Belo Horizonte - Uberaba, atravessando o arraial de Melo Viana contou a presença do presidente Getúlio Vargas. Com o progresso da região, o povoado cresceu e foram instaladas novas casas comerciais e bons restaurantes.
Com a crise gerada pela Segunda Guerra Mundial, o racionamento do petróleo, as obras da rodovia que ligaria Belo-Horizonte a Uberaba foram paralisadas, e a Estrada de Ferro continuou sendo uma opção para os tropeiros que necessitavam transportar cargas nas regiões do Alto Parnaíba.
Mas com o passar dos anos, a ferrovia foi classificada como antieconômica, e em 1969, teve seus trilhos arrancados, ficando apenas a lembrança daqueles áureos tempos.
Em primeiro de março de 1963, foi fundada a prefeitura municipal. Em 30 de agosto do mesmo ano, Serra da Saudade deixaria de pertencer ao município de Dores do Indaiá, atingindo sua emancipação, sendo administrada por uma mulher, senhora Elza Gonçalves Moreira, que fora designada pela Secretaria do Interior e Justiça. Até que, em 30 de agosto de 1963, foi implantado o município de Serra da Saudade e tomou posse o primeiro prefeito, José Ribeiro da Silva.
O município serviu de ponto de parada para viajantes que transportavam material para a construção de Brasília.
A ferrovia escoava café, madeira, gado e diamantes.
Só para se ter uma idéia, a Pensão da Barra servia até 200 refeições ao dia, mas, com a construção da BR 262 o movimento foi interrompido e o desenvolvimento intenso da serra também, o que fez com que o lugar se tornasse um refúgio tranqüilo, com características próprias para o turismo em virtude também do clima serrano e beleza natural .
A Lenda
Há muitos anos, por volta do século 18, vivia no lugarejo uma tribo de índios, que por motivos desconhecidos, acabou sendo dizimada, restando ali apenas uma índia. Esta por sua vez, vivia em total abandono e solidão. Até que um dia, parentes da índia que moravam na Bahia, lhe escreveram uma carta.
No entanto, naquela época, as correspondências eram transportadas por carros de boi, charretes, trens de ferro, automóveis, e as malas se molhavam, secavam e com isso acabou danificando a correspondência destinada à índia.
Quando a carta chegou ao seu destino, a índia já tinha falecido de desgosto e saudades de seus entes queridos. Os moradores da época abriram a correspondência e a única palavra que se podia ler era SAUDADE, daí o nome de Serra da Saudade.