Serra da Saudade é destaque no jornal O Tempo
Por: Adriana de Oliveira
Veja abaixo, a reportagem do jornal O Tempo sobre o estilo de vida em Serra da Saudade, e as atrações do menor município de Minas Gerais.
SERRA DA SAUDADE. Por cinco habitantes a mais, Serra da Saudade não conseguiu dar à Minas Gerais o título de menor município populacional do Brasil. No Censo 2010, a cidade do Alto Paranaíba foi derrotada por Borá, no interior de São Paulo, que tem 805 moradores. Segundo dados preliminares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicados no Diário Oficial da União na última quarta-feira, o representante mineiro contabiliza 810 habitantes. Na área urbana, são apenas três ruas e 277 casas. Mesmo com a falta de estabelecimentos - o município não tem padaria, farmácia, posto de gasolina ou restaurante -, o ambiente familiar e a qualidade de vida deixam os serranos satisfeitos com a cidade natal. "Aqui é bom, pacífico e não há envolvimento com drogas", ressalta o lavrador Rosair Rodrigues, 72. "Não vou para cidade grande não, dá preguiça", expressa o estudante Valdinei Júnior de Araújo, 16, que também é porteiro da escola municipal. Na cidade, quase todos são agricultores ou trabalham para a prefeitura. Serra da Saudade - emancipada de Dores do Indaiá em 1963 - é pequena, mas oferece boa parte dos serviços públicos: posto de saúde, delegacia de polícia, destacamento policial e escola, do ensino infantil ao médio. Uma parceria entre a prefeitura e diferentes instituições particulares oferece bolsas de 50% para moradores da cidade em graduações à distância. "Pegar a estrada é um risco grande e também perdemos muito tempo", destaca a professora Jalma Aparecida Silva Ferreira, 39, que faz dois cursos, de pedagogia e pós-graduação. COTIDIANO. A cidade mantém a típica calmaria durante todo o dia. O silêncio só é quebrado pelos veículos que cruzam a cidade rumo à estrada de chão que leva ao município vizinha São Gotardo. Chamaa atenção o número de bares. São dez, um para cada 80 moradores. Igrejas são quatro, apenas uma católica. Vinte e cinco por cento da população mora na zona rural, que também é o destino de muitos nos fins de semana. "Na roça, a gente se reúne para aquela moda de viola", conta a bibliotecária Simone Amélia de Souza, 48, que colocava o papo em dia na escadaria da igreja de Nossa Senhora do Carmo. E cidade pequena é assim. Todo mundo conhece todo mundo. Na escola da cidade, a auxiliar de secretaria Norma Lúcia Ferreira é quase uma "fiscal de face". Todos os dias, antes e depois das aulas, ela olha para cada aluno e, ao final, sabe dizer quem foi ou quem não foi à aula. "Se faltar dois dias, eu falo com a secretaria", pondera. Vinte e oito por cento da população é formada por estudantes. A estimativa populacional do IBGE, em 2009, mostra que a cidade encolheu. Eram 890 moradores no ano passado. "A maioria das pessoas se formam e vão embora. Divinópolis é o principal destino", conta a agente censitária, Aparecida Cardoso.